terça-feira, 28 de dezembro de 2010
último
domingo, 26 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
leituras
domingo, 12 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
leituras
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
jun igarashi architects: house of trough
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
fotogenia
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
ready-made home art
sábado, 13 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Lewis Hine
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Robert Frank: provas de contacto
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
leituras
Concurso L. Fritz Gruber
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
coisa de nada
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
leituras
terça-feira, 26 de outubro de 2010
desabafo
sábado, 9 de outubro de 2010
encantador
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
terça-feira, 5 de outubro de 2010
100 anos
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
nada de novo
sábado, 25 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
leituras
leituras
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
em contagem decrescente para o motelx
terça-feira, 14 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
das leituras
Tentei explicar isto no outro dia e talvez isso explique muita coisa. Ao contrário da maioria, os meus anos oitenta não foram famosos, desde a indumentária foleira, às cassetes dos mini stars, a única coisa que se safava era eu ser uma miúda feliz. Época áurea das fotografias de família, apareço sempre a sorrir, contente com a vida. Quanto à literatura: tinha revistas aos quadradinhos do tio patinhas e os livros da Anita; nesses tempos o meu verdadeiro orgulho era a colecção invejável de barbies, impecáveis e cheias acessórios.
Na altura em que devia ter começado a ler calhou não haver nenhum professor de português na zona e o meu pai, que acredito ter feito das tripas coração – mas que nunca teve muita paciência nem jeito para aquilo -- lá fez as vezes do professor primário que me faltava. Sentar-me na mesa da sala para a lição diária passou rapidamente a ser uma tortura de laivos kafkianos, eu não percebia a lógica daquilo, não sabia sequer o que era suposto estar a aprender e só a muito custo um “t” e um “e” se transformavam em tê... Resultado: só quando tive uma professora a sério é que a coisa começou a funcionar.
Quando estava na segunda classe, quis o destino que os meus pais me tivessem de largar às 8h da manhã na escola, continuo a achar que era à minha mãe que custava mais essa minha hora de espera até as aulas começarem e com isso ganhei pontos e por pontos entenda-se cem escudos para comer um bolo no café do outro lado da rua. A senhora era simpática, eu tinha 7/8 anos e um sorriso capaz de desarmar quem quer que fosse. Os cem escudos rapidamente começaram a ser desviados dos bolos para os livros. O plano era o seguinte: Aos fins-de-semana, na secção dos livros do supermercado, escolhia um volume da colecção “uma aventura” e dava os quinhentos escudos ao meu pai, a minha mãe começou a desconfiar, mas não percebia de onde é que vinha o dinheiro e, por uns tempos, o plano resultou às mil maravilhas. Este foi, sem dúvida, o meu momento mais apaixonado pela literatura. Nada de leituras vanguardistas, nada de livros paradigmáticos da literatura infanto-juvenil (daqueles que aparecem em listas altamente reputadas tipo o moby dick). Era uma miúda feliz e a minha grande dúvida existencial da época - que eu me lembre - tinha aparecido uns anos antes e resumia-se ao seguinte: duvidava da existência do peter pan - sim o filme da disney teve algum impacto e, na dúvida, durante uns meses deixei a janela do quarto destrancada.
Não sei se esta introdução fará sentido para alguém, mas antes de escrever o que se segue quis deixar claro qual foi o momento em que percebi que gostava de ler.
Nunca gostei da expressão “leio compulsivamente”.
Não gosto da expressão, porque é exagerada. É aquele exagero bacoco – não sei se me faço entender, é como quando nos perguntam pelos nossos defeitos, a resposta “sou teimoso” é a escolha invariável– o ler compulsivamente tem disso, aquela auto-censura cínica, nem que eu quisesse conseguiria evitar ler tanto - segue-se sempre um sorriso contido e sobranceiro - aquele defeito é sobretudo uma virtude e ler compulsivamente é melhor do que só ler.
São normalmente estas as pessoas que seguem diligentemente as inúmeras listas dos livros a ler - os melhores do ano, os melhores do século, os recomendados pelo blog/revista da moda, os melhores sempre desconsiderados pelos cânones clássicos, mas que são verdadeiramente os melhores - e nunca se vêem com um livro que não tenha sido previamente aprovado por alguém que percebe do assunto. E tendo sido aprovado, não se discute. Exalta-se, enaltece-se, fica-se sem palavras... mas nunca se discute.
Eu não leio compulsivamente, desde que aprendi a ler e comecei a trocar bolos por livros, só leio, sem desmesura.