segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

domingo, 4 de dezembro de 2005

quarta-feira, 30 de novembro de 2005



"If you put frightening things into a picture,then they can't harm you.In fact, you end becoming quite fond of them."- Paula Rego

domingo, 27 de novembro de 2005

sábado, 26 de novembro de 2005

Bom dia!

Está a nevar em Köln! Bela maneira de começar o dia. :)

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Bom dia

Hoje chega a Catarina a Köln..... com ela, um cheirinho de Portugal a esta nuvem de pensamentos.

TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe
quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Fim-de-semana em Hamburg









O lado positivo da organização alemã

Antes de vir para a Alemanha não imaginava a quantidade de burocracia que estava à minha espera, tive de abrir uma conta num banco alemão, passei horas em filas de escritórios para alunos estrangeiros à espera do meu cartão de estudante, dos papéis para o curso de alemão, das informações sobre a minha nova casa, enfim, imaginei que num país conhecido pela sua organização tudo seria mais fácil.

Porquê falar de tudo isto agora? Porque fui agradavelmente surpreendida este fim-de-semana. Em outubro inscrevi-me através da universidade para uma viagem a Hamburg, o preço era convidativo, a cidade desconhecida e era mais uma oportunidade para viajar com os meus novos amigos. Este fim-de-semana chegou finalmente a altura de viajar, à hora marcada (8h da manhã) estavam à nossa espera um mini-bus (da mercedes, claro!) e duas pessoas da faculdade. Tinhamos pela frente uma viagem de mais ou menos 5 horas, e todos tinham pressa de entrar no autocarro para recuperarem algumas horas de sono, mas 5 minutos após o início da viagem, tivemos as nossa primeira boa surpresa: foram distribuídos os programas do fim-de-semana e fomos imediatamente confrontados com um exemplo perfeito de como se organiza uma viagem.

A pousada da juventude que à primeira não deixava muito a desejar (estava em obras, a Silvia, claro, disparou logo "pelo preço que pagámos não podíamos estar à espera de outra coisa"), acabou por nos surpreender pela positiva: está situada num dos extremos da antiga muralha da cidade, com uma vista espectacular para o rio, os quartos não podiam ser melhores e para começarmos bem o dia tinhamos um buffet para o pequeno-almoço incluído.

Tivemos uma visita guiada, logo após a nossa chegada, a um dos bairros mais emblemáticos da cidade (St. Pauli) e apesar de já estar de noite (às 5 da tarde), e da temperatura rondar os zero graus, o entusiasmo nunca esmoreceu. A guia era uma alemã energética e decidida, perfeita para relatar a história de um bairro tão controverso. Após duas horas ao frio fomos jantar a uma cervejaria típica alemã, a introdução à cidade não podia ter sido melhor! Acabámos a noite, como não podia deixar de ser, numa kneipe alemã.

Sábado, 8h da manhã encontro para tomar o pequeno-almoço; 9h nova visita guiada, desta vez à parte "nobre" da cidade (tenho de admitir que apesar de ter adorado, e de me ter tornado fã dos guias alemães, duas horas e meia ao frio, mas frio mesmo, -3 graus, foi a parte que mais me custou desta viagem). Para descongelar decidimos ir beber um café, eis se não quando me deparo com um café português, claro que foi mesmo ali que ficámos (e eu, para matar as saudades, pedi uma bica e um pastel de nata). O início da tarde ficou por nossa conta, decidi perder-me pelas ruas que mais me agradaram e encontrei um alfarrabista (escusado será dizer que voltei para Köln com a mochila bem mais pesada), o final da tarde foi outra boa surpresa (para variar) fomos ao teatro ver uma adaptação de Hamlet (era a última peça, integrada num festival de teatro a decorrer na cidade). Acabámos o dia num restaurante indiano, perfeito para conversar animadamente.

Domingo, 7h da manhã encontro para o pequeno-almoço, sim, ainda estava de noite, mas era o nosso último dia, e não queria deixar a cidade sem passar pelo emblemático mercado do peixe e valeu a pena! 10h da mahã, regresso a Köln, surpreendentemente fui a viagem toda a dormir.

P.S. Obrigada Silvia, Julie, Irene, Anne Laure, Francesca, Louis, Aude.... a viagem não teria tido metade da piada sem vocês.

Hamburg




Sinto falta de ir ao cinema

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Boa noite

De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos

Fernando Pessoa, "Livro do Desassossego"

:)

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Carnaval em Köln!






10...9...8...7...6...5...4...3...2...1!!!!! São 11h11m do dia 11 do 11, começou finalmente a época de carnaval em Köln, milhares de pessoas reunem-se na praça de Heumarkt para ouvir..(?)...não faço a mínima ideia do que estão a dizer...em vez de alemão tudo é dito em kölsch (dialecto de Köln) desde os discursos, às músicas - kölsch é mesmo um mundo, é também o nome da cerveja da cidade (e há 25 tipos diferentes.... mas isso é outra história)
Nós (grupo erasmus) decidimos trazer a gripe das aves a Köln - sim, mascarámo-nos de galinhas doentes - e sem sabermos bem como, tivemos sucesso, acabámos por tirar fotos com um sem número de pessoas que não conhecemos de lado nenhum. Infelizmente os fatos só duraram umas horas - é o que dá não ter dinheiro e termos decidido fazer os nossos próprios fatos. Acabámos a noite a cantar em kölsch e a pensar na festa em fevereiro (é o fim da época de carnaval, a festa dura uma semana inteira!).
Bem.... aqui ficam as fotos!

E-mails :)

Vão ver que vale a pena....

http://www.ad-awards.com/inc/video.swf?id=104 - Ganhou o prémio internacional de anúncios publicitários.

http://www.rocketboom.com/vlog/ - notícias com formato original, divirtam-se!

(Obrigada Vera, obrigada pai)

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Matisse em Düsseldorf


A exposição apresenta as diferentes fases do pintor através de quase duzentas obras de arte... a figura feminina no interior é o tema recorrente, aparecendo tanto enquanto leitora, sonhadora, figura passiva; em ligação com o meio que a envolve ou totalmente destacada do mesmo. A última fase de Matisse, recortes de papel, é sem dúvida, a minha preferida, a mulher aparece enquanto ideal quase abstracto, as formas deixam a definição tradicional e a figura ganha uma leveza fascinante.

(Henri Matisse - Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, 29.10.2005 - 19.02.2006)

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Passeando por Köln


Morreu a pioneira dos direitos civis Rosa Parks

A mulher que ficou na história por ter recusado ceder o seu lugar sentado num autocarro a um homem branco, em 1955, morreu hoje aos 92 anos. Com o seu acto, Rosa Parks deu início a uma mudança na história dos Estados Unidos e ficou detentora do título de "mãe do movimento dos direitos civis" que poria fim à segregação racial no país.

Pelo acto de contestação, Rosa Parks foi presa, à semelhança do que tinha já acontecido a duas mulheres negras da cidade pelo mesmo motivo. Além da detenção, Parks foi multada em 14 dólares.

O facto de ter sido presa teve efeitos inéditos. A reacção da população negra de Montgomery foi um boicote de 381 dias ao sistema de autocarros local, organizado por um então pouco conhecido pastor baptista - Martin Luther King Jr. Em 1992, Rosa Parks comentava o seu papel na mudança histórica dos Estados Unidos com modéstia. "A verdadeira razão por não me levantar foi que senti que tinha o direito de ser tratada como qualquer outro passageiro. Suportámos aquele tipo de tratamento demasiado tempo". "Quando fui presa não tinha ideia de que se ia transformar nisto", disse Rosa Parks sobre a eclosão do movimento de direitos civis. "Foi só um dia como qualquer outro. A única coisa que o tornou significativo foi que as massas aderiram".

O movimento de direitos civis, que propalava a igualdade, começou com esse boicote em Montgomery e culminou, em 1964, com o Civil Rights Act, a lei que proibiu a discriminação racial em espaços públicos. O protagonismo de Rosa Parks impediu-a de encontrar emprego no estado de Alabama e ela e o marido, após muitas ameaças e assédios, mudaram-se para Detroit. Rosa Parks continuou o seu trabalho de activista e política e deu nome a um instituto, juntamente com o seu marido (que morreu em 1997), dedicado ao desenvolvimento pessoal dos jovens de Detroit.

(Fonte: Público on-line, 25.10.05)

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Viagem a Amesterdão


Adorei esta cidade... Desde os canais, as casas inclinadas, o restauante italiano com fado como música ambiente, a mistura de culturas, as bicicletas, a vista do terraço da escola de dança, as bolachas de caramelo, os barcos-casa, o mercado, a noite, a língua.... tudo! Não consigo dizer mais nada, a não ser: obrigada Susana pela hospitalidade e pelas visitas guiadas! Deixo as fotos (tirei 70 em dois dias!) falarem por mim.

domingo, 9 de outubro de 2005

Visita Presidencial a Köln


A primeira visita Presidencial aos desterrados dos Erasmus
Vindo de Amsterdão acompanhado pela Primeira Dama Susana (claro! - em alemão Sofia - sou uma grande tradutora), o Presidente Da Komissão decidiu começar a sua ronda pela Europa (como bom Presidente que é, não esquece os que estão longe).
A recepção oficial teve lugar na escadaria da Catedral de Colónia (excelente cartão de visita), depois de uma breve passagem pela minha residência, partimos à (re)descoberta da cidade: Zülpicherplatz, Biergarten, Kneipe e Flohmarkt, passaram a ser palavras oficiais dentro do seio da Komissão.
No Sábado começámos por um almoço num dos muitos restaurantes baratos (ninguém paga as cotas - palavras do Presidente!) da cidade.
Passeámos pela parte antiga de Colónia, para jantar decidimo-nos por um restaurante (mais ou menos) típico alemão, fizémos uma breve passagem pelos bares da cidade e acabámos a noite em casa, numa tertúlia animada, companhados por uma garrafa de vinho tinto turco (sempre à procura de novas experiências).
Hoje fomos à minha feira da ladra preferida (isto começa mesmo a ser um vício) onde comprámos um sem número de bugigangas (pelos preços do costume) e finalmente provei (provámos) comida feita por mães alemãs!
Estávamos cheios de vontade de visitar o museu sobre o Nacional Socialismo, mas esquecemo-nos das horas (o museu fecha às 16 horas) e acabámos por passear relaxadamente pela cidade.
Neste momento o Presidente está a fazer a sua super lasanha que vai ser acompanhada por vinho da África do Sul ou/e da Califórnia - as escolhas aqui são sempre fantásticas.

P.S. Amanhã o casal presidencial segue para Bruxelas para uma visita verdadeiramente oficial!

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

O Livro

Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação. Em «César e Cleópatra» de Shaw, quando se fala da biblioteca de Alexandria, diz-se que ela é a memória da humanidade. O livro é isso e também algo mais: a imaginação. Pois o que é o nosso passado senão uma série de sonhos? Que diferença pode haver entre recordar sonhos e recordar o passado? Tal é a função que o livro realiza.

(...) Se lemos um livro antigo, é como se lêssemos todo o tempo que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. Por isso convém manter o culto do livro. O livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objecto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria.

Jorge Luís Borges, in 'Ensaio: O Livro'

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Museum für Ostasiatische Kunst


Tesouros da China, Coreia e Japão "escondidos" num paraíso natural no meio da cidade de Colónia.

Este foi o museu que arquitectonicamente mais me impressionou, é um edifício de linhas muito simples, inserido num dos parques da cidade (foi desenhado pelo arquitecto japonês Kunio Maekawa (1905-1986) - aluno de Le Corbusier).

As exposições, de acordo com a visão do fundador do museu Adolf Fischer, não são apresentadas enquanto documentos de uma cultura, mas enquanto obras de arte individualmente consideradas que representam determinado artista ou estilos específicos de uma época histórica. Esta abordagem acaba por levar o visitante a admirar mais a obra de arte que tem diante de si, do que propriamente a fazer uma comparação histórica entre as culturas ocidental e oriental.

Actualmente a exposição temporária chama-se "O céu na ponta do pincel - Pintura Chinesa do séc. xx" - especialmente interessantes são as obras contemporâneas que misturam influências asiáticas e ocidentais.

domingo, 18 de setembro de 2005

Flohmarkt am Ebertplatz

Hoje, levantei-me cedo, preparei-me para o frio que já se começa a sentir por estes lados e fui (com verdadeiros peritos nestas coisas) a uma das feiras da ladra da cidade.
Esperava-me um pequeno pátio num bairro residencial, estava cheio e cheirava a comida caseira (uma banca logo à entrada da feira vendia comida com um aspecto delicioso - mais tarde disseram-me que era mesmo tudo caseiro: pessoas que em vez de venderem roupa ou discos antigos, vendiam comida feita por elas).
A pouco e pouco fui-me apercebendo que estava numa verdadeira feira da ladra, nada do que se vende ali é novo e os preços são simplesmente inacreditáveis (esqueçam a feira da ladra de Lisboa!).
Comecei por comprar um livro de Brecht (estou a começar as minhas leituras em alemão) custou-me 50 cêntimos :) , logo a seguir vi um espelho lindo para o meu novo quarto, 5 euros (foi a coisa mais cara que comprei!), depois de mais umas voltas encontrei "morte em Veneza" do Thomas Mann por € 1.50. Como não podia deixar de ser comprei uma mala e um colar (cada um, um euro - inacreditável) e acabei as minhas compras com uma camisola verde tropa que me custou € 3!
Depois das compras sentámo-nos numa esplanada, que fica num dos extremos do pátio, a beber um capuccino e a aproveitar o resto da manhã de sol.

sábado, 17 de setembro de 2005

Rodin



E aqui está a "Mão de Deus" de Rodin, obrigatório contemplar ao vivo :)

ansichten christi

Ansichten Christi - Das Christusbild von der Antike bis zum 20.Jahrhundert

Assim se chama a última exposição que fui ver (e que está patente no Museu Wallraf Richartz - Fondation Corboud), numa tradução livre quer dizer: Aspectos de Cristo - a imagem de Cristo desde a Antiguidade até ao século 20.
Mais do que uma viagem pelo tempo, a exposição apresenta a imagem de Cristo sob diferentes pontos de vista: I - a ressureição e o retorno triunfal de Cristo, II - a representação simbólica ou abstracta de Cristo, III - o retrato figurativo de Cristo, IV - Cristo e os artistas, V - aspectos de Cristo no papel, VI - a dualidade de Cristo enquanto Deus e Cristo enquanto Homem, VII - paixão e emoção.

Vale a pena, não só pelos VII temas estarem muito bem conseguidos, mas também por certas obras de arte individualmente consideradas, de artistas como Michelangelo, El Greco, Rubens, Dürer, até Gaudi, Picasso, Beuyes ou Warhol.

Pessoalmente, uma certa escultura de Rodin "a mão de Deus" e uma imagem de Cristo intitulada o véu de Verónica que é desenhada com apenas uma linha ( de 1735) impressionaram-me especialmente.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

as saudades fazem-me ouvir madredeus

Ecos Na Catedral (Madredeus)

Os teus olhos são vitrais
Que mudam de cor com o céu
E quando sorriem, iguais...
E quando sorriem, iguais...
Quem muda de cor sou eu

Tomara teus olhos vissem
O amor que trago por ti
Nem o entardecer me acalma...
Nem o entardecer me acalma...
Na ânsia de te ter aqui

E o teu perfume, o incenso
Os ecos de uma oração
Misturam-se num esboço imenso
Afogam-se na solidão

Fui para um templo de pedra
Escolhi um recanto isolado
Que me faça esquecer tua voz...
Esquecer-me da tua voz...
Que me faça acordar do passado

Escondida em sítio sagrado
E não me apetece o perdão
Devo estar enfeitiçada
Náufrago do coração

E o teu perfume, o incenso
Os ecos de uma oração
Misturam-se num esboço imenso
Afogam-se na solidão

Não sei se perdoo o meu fado
Não sei se consigo enfim
Um dia esquecer que teus olhos
Sorriem, mas não para mim

terça-feira, 13 de setembro de 2005

isto de não ter televisão

Isto de não ter televisão dá em ler.... ler muito, aqui ficam algumas citações dos livros que andei a ler nos últimos tempos e que recomendo vivamente.

A short history of nearly everything - Bill Bryson

" To begin with, for you to be here now trillions of drifting atoms had somehow to assemble in a intricate and curiously obliging manner to create you. It's an arrangement so specialized and particular that it has never been tried before and will only exist this once."

Simplesmente de leitura obrigatória, tudo o que sempre quis saber sobre tudo e muito mais... desde a origem do universo até ao desenvolvimento do ser humano, está tudo aqui.

Viagem ao fim da noite - Céline

" Lá cobarde era, eu e ele bem o sabíamos; era-o por natureza, sempre a esperar que o salvassem da verdade, mas por outro lado eu começava a perguntar-me a mim próprio se nalgum sítio existiriam pessoas verdadeiramente cobardes... Num homem, seja ele qual for, dir-se-á que podemos encontrar sempre uma espécie de coisas pelas quais está imediatamente pronto a morrer e ainda por cima muito contente. O que sucede é que nem sempre há ocasião para uma morte bonita, a ocasião que lhe seria cara. e por isso morre como pode, num sítio qualquer... E o homem por lá fica, na terra, com ar de quem é mais um pobre-diabo, mais um cobarde perante todos mas não convencido disso, claro está. É apenas aparência, a cobardia."

A apresentação de Aníbal Fernandes, na versão portuguesa, diz tudo sobre este livro.... simplesmente incontornável.


The Book of Illusions - Paul Auster

" All along, she was the one who had been destined to light the match and bring their work to an end, and that thought must have grown in her as te years went by until it overpowered everything else. Little, by little, it had become an aesthetic principle in this own right. Even as she continued working on the films with Hector, she must have felt that the work was no longer about making films. It was about making something in order to destroy it. That was the work, and until all evidence of the work had been destroyed, the work would not exist. It would come into being only at the moment of its annihilation - and then, as the smoke rose up into the hot New Mexican day, it would be gone."

Explora o conceito de arte de uma forma bastante interessante; questiona até que ponto a obra de arte só existe enquanto tal, se for divulgada.


O mito do eterno retorno - Mircea Eliade

" Se não receássemos parecer demasiado ambisiosos, teríamos dado a este livro o seguinte subtítulo: Introdução a uma Filosofia da História. Porque, no fundo, é esse o sentido deste ensaio, embora com a particularidade de, em vez de utilizarmos a análise expeculativa do fenómeno histórico, irmos investigar as concepções fundamentais das sociedades primitivas que, conhecendo também uma certa forma de "história", se obstinam em a não ter em conta."
(excerto da introdução do livro)

Esta é a minha actual leitura :)

domingo, 11 de setembro de 2005

água de colónia


Num dos primeiros passeios pela cidade descobri finalmente de onde vem a expressão "água de colónia"..... de Colónia, pois claro!
A foto é da casa n.º 4711 (Glockengasse) onde a original água de Colónia é fabricada desde há mais de 200 anos.