A mulher que ficou na história por ter recusado ceder o seu lugar sentado num autocarro a um homem branco, em 1955, morreu hoje aos 92 anos. Com o seu acto, Rosa Parks deu início a uma mudança na história dos Estados Unidos e ficou detentora do título de "mãe do movimento dos direitos civis" que poria fim à segregação racial no país.
Pelo acto de contestação, Rosa Parks foi presa, à semelhança do que tinha já acontecido a duas mulheres negras da cidade pelo mesmo motivo. Além da detenção, Parks foi multada em 14 dólares.
O facto de ter sido presa teve efeitos inéditos. A reacção da população negra de Montgomery foi um boicote de 381 dias ao sistema de autocarros local, organizado por um então pouco conhecido pastor baptista - Martin Luther King Jr. Em 1992, Rosa Parks comentava o seu papel na mudança histórica dos Estados Unidos com modéstia. "A verdadeira razão por não me levantar foi que senti que tinha o direito de ser tratada como qualquer outro passageiro. Suportámos aquele tipo de tratamento demasiado tempo". "Quando fui presa não tinha ideia de que se ia transformar nisto", disse Rosa Parks sobre a eclosão do movimento de direitos civis. "Foi só um dia como qualquer outro. A única coisa que o tornou significativo foi que as massas aderiram".
O movimento de direitos civis, que propalava a igualdade, começou com esse boicote em Montgomery e culminou, em 1964, com o Civil Rights Act, a lei que proibiu a discriminação racial em espaços públicos. O protagonismo de Rosa Parks impediu-a de encontrar emprego no estado de Alabama e ela e o marido, após muitas ameaças e assédios, mudaram-se para Detroit. Rosa Parks continuou o seu trabalho de activista e política e deu nome a um instituto, juntamente com o seu marido (que morreu em 1997), dedicado ao desenvolvimento pessoal dos jovens de Detroit.
(Fonte: Público on-line, 25.10.05)
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