sábado, 11 de dezembro de 2010

leituras

Foi nessa altura que desisti da intenção de procurar uma explicação a todo o custo. Com o devido respeito, nem sempre se pode contar com o bom senso. Às vezes é mais aconselhável e proveitoso aceitar coisas estranhas. Podemos até preservar a cabeça nos ombros, que não é coisa pouca. E eu não só sobrevivi às escadas escuras como também em breve ganhei paz de espírito. Assim que deixei de me sobrecarregar com a curiosidade desnecessária, comecei a dormir melhor, o meu apetite voltou, já não estava constantemente desanimado, apático e anémico. É um verdadeiro milagre como uma decisão simples pode, num abrir e fechar olhos, fazer renascer uma pessoa.

Zoran Zivkovic, A Biblioteca (A Biblioteca Particular)

(É um livro minúsculo, cheio - mais do que de livros - de espaços fantásticos onde os guardar: as bibliotecas imaginárias. Mesmo assim, foi aqui que me prendeu, numa passagem sobre a possibilidade de o número de degraus ser diferente a subir e a descer - pareceu-me perfeita.)

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