Não sei se é do silêncio, mas esbarro com coincidências subtis, como se as mesmas histórias andassem a ser repetidas, susurradas, presentes em tudo o que faço... o Tchítchikov sem moral de Gogol foi substituído pelo Consul de Lowry. A visão do inferno repete-se. A vontade de redenção está opressivamente presente em Geoffrey, o inexorável falhanço certo desde a primeira página. Sem surpresa a salvação nunca chegou a ser uma possibilidade nas Almas Mortas. Conclusão: não há finais felizes. O sentimento de angústia aloja-se num canto escondido da minha memória. Nos Morangos Selvagens de Bergman vejo que Marianne veio tomar o lugar Yvonne. A imagem das mulheres sofridas, impenetráveis cola-se ao espírito como uma sombra, a angústia alastra-se.
2 comentários:
o meu momento semiconspirativo: a angústia é um mecanismo social de controlo que pretende açaimar os seres humanos habilitados a mudar a realidade. E o pior é que açaima mesmo, até se tornar uma corrente, depois uma jaula, depois uma penitenciária.
E a moral também não passa de um constructo.
E o dever.
E a crueldade.
E o pedantismo.
E...
Tens que arranjar um vício debilitante como o absinto. Ainda há esperança para a escritora que vive dentro de ti!
Enviar um comentário