quarta-feira, 3 de junho de 2009

so, billy holiday is constantly on the passenger seat

demoro-me a olhar para determinadas pessoas, gostava de as fotografar, fotografar aquilo que ainda não tinha visto em mais lado nenhum... principalmente as mulheres, que raio de terra de mulheres sofridas, mas o registo não é possível, sei-o e acomodo-me. ultimamente converso pouco, suponho que seja normal... os monólogos interiores têm andado a sobrepor-se às cordiais trocas de palavras sobre o tempo, sobre a comida, sobre o trabalho - "tem aí muito trabalho dr.ª"... um dia ainda me descaio e por cima de todos outros adjectivos (lisboeta, demasiado nova, inexperiente, calada) ainda me vai calhar um "a dr.ª tem um parafuso a menos, coitada"... dou comigo a pensar que ainda é terça, quando já é quarta... não me conseguindo lembrar do que fiz na segunda. há quem, conhecendo-me desde sempre, já diga que ando de humor instável, há quem, não me conhecendo de lado nenhum, diga que ando com má cara, doente. talvez isto não ande bem, mas entre a burocracia constante, os momentos caricatos, as obrigações absurdas, há todos aqueles casos que levo para casa, que levo para lisboa, no carro, que discuto comigo mesma no supermercado, no duche, os que têm de ser resolvidos, os que quero resolver bem e leio e releio e tento pensar em todas as soluções possíveis e dou comigo a duvidar, se calhar gosto mesmo disto.
ainda assim, há que mudar a banda sonora.

2 comentários:

Catarina disse...

Já andava a ficar preocupada pela falta de notícias...
Porque não marcas um número de telefone e me ouves do outro lado...
Tenho pensado em ti, em como está a ser e como o estás a viver...
Estou aqui...muitas vezes invejando a calma que transparece neste teu post...

Unknown disse...

Faço minhas as palavras da Catarina. Telefona para outro mundo e talvez a Billie Holiday queira sair do lugar de passageiro...
Estou na terra do Joyce e penso que seria bom voltarmos às nossas tertúlias literárias (muitas vezes a dois); penso que seria bom muitas coisas, enquanto o sol se acobarda atrás da chuva com pronúncia irlandesa. Estou no quarto do hotel e não tenho grande vontade de sair; peso as razões de tal dissonância e chego à conclusão de que sofremos da mesma maleita, muitos streams of consciousness e poucos momentos de extravazamento...

Mas podes sempre telefonar. Os streams of consciousness podem ser escutados.