sábado, 29 de novembro de 2014

leituras

"I let myself out and I went along the walk. It felt funny walking around outside in my nightgown and my robe. I thought to myself that I should try to remember this, walking around outside like this."

Raymond Carver, I Could See the Smallest Things
(in What We Talk About When We Talk About Love)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

leituras

"És uma criaturinha triste, eu próprio sou um tipo diabolicamente melancólico, e desta forma o nosso amor terá, imagino eu, de ser do género triste." 

James Joyce, carta a Nora (1 de Novembro 1909)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

leituras

"Tosse

Eis pois como as coisas se passaram: a palavra "liberdade" passava de boca em boca e crescia, crescia, crescia. Até que alguém tossiu e a ordem foi restabelecida."

Rui Manuel Amaral, Caravana

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

leituras

"Mas os teólogos deparam-se com um problema, quando definiram o Homem-Deus com um conceito fulcral da linguagem teatral, ou seja, persona ou, em grego prósopon. Esta tradução só era então possível, proibindo, ao mesmo tempo, a sua origem a partir do teatro. Só assim podiam os teólogos utilizar, sem risco, o conceito para a pessoa de Cristo, a qual se expressava na sua face e que, todavia, não era um simples papel teatral. A analogia com o teatro era, porém, demasiado óbvia para ser simplesmente esquecida: o conceito deveria tão-só adquirir um novo conteúdo conceptual. Os mesmos teólogos, que se distinguiam na definição de Cristo, atacaram, por isso, o teatro de máscaras contemporâneo, cujos dias estavam, por isso, contados. Tertuliano, que já reclamara para Cristo o conceito de pessoa, investiu contra o recurso de máscaras (opus personarum), já que Deus proibia toda a imitação da sua criação como falseamento. O homem como sua imagem (imago sua), era ofendido pelo jogo de máscaras." 
Hans Belting, A verdadeira imagem

terça-feira, 16 de setembro de 2014

leituras

"Afastei-me em direcção a um fogo, e o fogo estava sempre diante de mim, como um muro de luz. Era um fogo frio, um fogo que traz frio em vez de calor, um fogo que transforma logo a água em gelo. Com a velocidade do raciocínio, o pensamento-fogo que considera o gelo cria nesse momento o gelo. Foi precisamente desta maneira que a Sibéria surgiu, e as auroras boreais são disso o último vestígio luminoso. É esta a explicação. Certos sinais de rádio confirmam-na, sobretudo os sinais de intervalo. Também o fim de emissão da televisão, quando há estática e os pontos dançam, tem o mesmo significado. E agora: todos os cinzeiros de volta ao mesmo lugar e manter a compostura! Os homens falam sobre caça. A empregada enxuga a loiça."

Werner Herzog, Caminhar no Gelo