sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Anna Skladmann’s "Little Adults"

Vadim on His Roof Terrace, Moscow 2009

"When we came up to the rooftop, it was a beautiful sunny and crisp midday. Vadim asked me how many photos I was planning to shoot, and I answered “maximum ten.” As the flash lit up, he slowly counted to ten in his head. After the ten frames of my first roll were finished, he went back inside, put on his pajamas and asked for a cup of tea so he could sit in front of his television in peace. Naturally, I had wanted to shoot ten rolls of film, not just ten frames."





Eva in Her Living Room, Moscow 2009

"When I came to photograph Eva, she was at home with her two nannies, one British and one Russian. She had planned everything in advance: the dress she had chosen hung already perfectly ironed and pressed with matching tights and shoes carefully next to it. I felt that I had been hired by Eva to do this shoot rather than the other way around. She was experienced and knowledgeable as she showed me the rooms we were allowed to photograph. She placed herself carefully on the edge of a couch, stood in front of her favorite painting, and posed in her parents’ library. At the end of this photo session she was exhausted and lay down on the sofa. Finally I was able to take the only photograph that I had composed myself."


Mais aqui.

o livro de areia



obrigada ao l. pelo texto enviado, gostei da comparação, o kindle, de facto, encerra em si a ideia de livro interminável ao estilo de Borges, mas a batalha não está perdida. os livros, ao contrário dos cds, não precisam de nenhum aparelho especial para se poderem ler, a linguagem que utilizam não é software que se torna obsoleto em menos de uma década, não precisam de baterias ou upgrades. é verdade, gosto que algo tão pequeno como o kindle possa conter todos os livros que alguma vez lerei, gosto da ideia de poder levar comigo - para qualquer lugar - uma biblioteca inteira, mas mais do que tudo, gosto da imutabilidade dos livros. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tlön, Uqbar, Orbis Tertius

Debo a la conjunción de un espejo y de una enciclopedia el descubrimiento de Uqbar. El espejo inquietaba el fondo de un corredor en una quinta de la calle Gaona, en Ramos Mejía; la enciclopedia falazmente se llama The Anglo-American Cyclopaedía (New York, 1917) y es una reimpresión literal, pero también morosa, de la Encyclopaedia Britannica de 1902. El hecho se produjo hará unos cinco años. Bioy Casares había cenado conmigo esa noche y nos demoró una vasta polémica sobre la ejecución de una novela en primera persona, cuyo narrador omitiera o desfigurara los hechos e incurriera en diversas contradicciones, que permitieran a unos pocos lectores -a muy pocos lectores- la adivinación de una realidad atroz o banal. Desde el fondo remoto del corredor, el espejo nos acechaba. Descubrimos (en la alta noche ese descubrimiento es inevitable) que los espejos tienen algo monstruoso. Entonces Bioy Casares recordó que uno de los heresiarcas de Uqbar había declarado que los espejos y la cópula son abominables, porque multiplican el número de los hombres. Le pregunté el origen de esa memorable sentencia y me contestó que The Anglo-American Cyclopaedia la registraba, en su artículo sobre Uqbar. La quinta (que habíamos alquilado amueblada) poseía un ejemplar de esa obra. En las últimas páginas del volumen XLVI dimos con un artículo sobre Upsala; en las primeras del XLVII, con uno sobre Ural-Altaic Languages, pero ni una palabra sobre Uqbar. Bioy, un poco azorado, interrogó los tomos del índice. Agotó en vano todas las lecciones imaginables: Ukbar, Ucbar, Ookbar, Oukbahr... Antes de irse, me dijo que era una región del Irak o del Asia Menor. Confieso que asentí con alguna incomodidad. Conjeturé que ese país indocumentado y ese heresiarca anónimo eran una ficción improvisada por la modestia de Bioy para justificar una frase. El examen estéril de uno de los atlas de Justus Perthes fortaleció mi duda.


ou se há autor quem me deu cabo da cabeça foi Borges. 

(lembro-me como se fosse ontem, do natal de 1998. recebi as "ficções" e passei os restantes meses a tentar apanhar tudo o que pudesse de Borges. a teorema ainda não tinha lançado as obras completas, eu passava muito pouco tempo na net e isso explica, em parte, o meu ingénuo desconhecimento da fama de Borges. durante aqueles meses, encetei uma busca incessante pelas livrarias e alfarrabistas lisboetas. acabei presa às edições espanholas da livraria alcalá - se a memória não me falha, uma livraria bem ao estilo borgesiano -, nessa altura tinha dado um dedo para perceber castelhano.)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

leituras


- O que há de errado com o trabalho? - perguntou Patty, ouvindo o eco de uma pergunta semelhante que Walter lhe fizera em tempos. - É bom para a nossa auto-estima trabalhar.
- Eu posso trabalhar - disse Verónica. - Estou a a trabalhar agora. Só que preferia não o fazer. É entediante, e tratam-me como uma secretária.
- Tu és uma secretária. Provavelmente és a secretária com o QI mais alto de toda a cidade de Nova Iorque.
- É só que estou ansiosa por me despedir, apenas isso.
- Tenho a certeza de que a Joyce te pagava para voltares a estudar, e conseguires assim arranjar um emprego mais próprio do teu talento.
Verónica riu-se.
- Os meus talentos não parecem ser do género daqueles em que o mundo está interessado.  Por isso é melhor que eu os exerça sozinha. Na verdade, só quero ficar sozinha, Patty. Neste momento é tudo o que peço. Que me deixem em paz.

Jonathan Franzen, Liberdade

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

work(s) in progress II


continuo a tentar fotografar o mais lixado (e bonito) de todos os movimentos.

work(s) in progress I


poesia lida é mais que poesia escrita. eu vejo, mas ainda não consigo fotografar. lentamente, muito lentamente, é-me descrito o que ali está. o que vejo, o que oiço, mas que ainda não consigo explicar.

sábado, 13 de agosto de 2011

repetição II


repetição


Tento encontrar na repetição a identidade do que vejo. Quantas vezes fazem uma rotina? A rotina é feita do que já não é possível contabilizar. No imensurável descubro o que sobra das imagens. Debaixo do ruído estão os lugares que me escapam.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011


A distância entre aquilo que representamos e o que somos na imagem fixa prende-se, essencialmente, com a vontade de ver para além de. O reflexo, continuamente ambíguo,  tanto pelo movimento que é capaz de reproduzir, como pelo diálogo interior que permite manter, sempre me pareceu mais fiel do que a imagem captada. No instante cristalizado vejo-me, mas não me reconheço.  A frustração de estar ali fielmente representada sem ser eu, lembra-me sempre a história que ela acabou por me contar sem saber muito bem porquê: tinha um alter-ego. Tinha outro nome, escolhia vestidos muito femininos, mudava o cabelo, fumava de forma afectada (usava boquilha?) e gastava dinheiro - ela uma rapariga de gostos simples, sem grandes manias, com um alter-ego daqueles. Dizia, com tanta franqueza que nunca cheguei a duvidar da história, que havia dias que era outra e nada fazia contra isso, assumia-o através de conjunto de rituais que nada tinham a ver com ela e passeava-se pela cidade. 

O auto-retrato surge invariavelmente falhado,  a sensação de estar a fotografar  o meu doppelgänger entranha-se.

domingo, 7 de agosto de 2011

leituras

Mais uma coisa: ela era, como Mimi, uma teórica do amor. O que as diferenciava era que Mimi estava de facto disposta a fazer tudo sozinha caso os outros não fizessem a parte deles. Talvez Mimi nem sequer precisasse dos outros, a não ser como testemunhas ou cúmplices. Thea não chegava tão longe. Já tinha ouvido diversos homens, principalmente Einhorn, falarem do fanatismo das mulheres pelo amor, de como para elas a vida inteira girava ao redor dessa única coisa, ao passo que os homens estabeleciam ligações vitais com várias outras coisas e eram. portanto, menos propensos à monomania. Podia sempre contar-se com Einhorn para nos revelar parte da verdade.

Saul Bellow, As Aventuras de Augie March

sábado, 6 de agosto de 2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

leituras

457. O lado técnico da fotografia ainda impressiona. A máquina utilizada, o formato do negativo, o número de megabites, a impressão gigante ou, em contraponto, minúscula.
458. Ninguém pergunta ao pintor o tamanho do pincel, ao escritor o peso do documento, ao cineastra o nome do laboratório da película.
[...]
467. A fotografia parece-me mais próxima da da escrita do que da pintura ou da escultura. Aliás, o seu nome indica, desde logo, essa relação. Embora alguma fotografia me pareça mais próxima de alguma pintura ou de alguma escultura.

[...]
471. Uma fotografia de um copo de água não é apenas uma fotografia de um copo de água, nem sequer uma representação de um copo de água. Assim como uma palavra não é apenas o seu significado imediato.

Setembro, Algumas notas de Daniel Blaufuks

destes dias II


(a melhor esplanada deste verão)

destes dias I

leituras II

Yossarian left money in the old woman's lap - it was odd how many wrongs leaving money seemed to do right - and strode out of the apartment, cursing Catch-22 vehemently as he descended the stairs, even though he knew there was no such thing. Cath-22 did not exist, he was positive of that, but it made no difference. What did matter was that everyone thought it existed, and that was much worse, for there was no object or text to ridicule or refute, to accuse, criticize, attack, amend, hate, revile, spit at, rip to shreds, trample upon or burn up.

Joseph Heller, Catch-22

leituras

"Justice?" The colonel was astounded. "What is justice?"
"Justice, sir --"
"That's not what justice is," the colonel jeered, and began pounding the table again with his big fat hand. "That's what Karl Marx is. I'll tell you what justice is. Justice is a knee in the gut from the floor on a the chin at night sneaky with a knife brought up down on the magazine of a battleship sandbagged underhanded in the dark without a word of warning. Garroting. That's what justice is when we've got to be tough enough and rough enough to fight Billy Petrolle. From the hip. Get it?"
"Nor, sir."
"Don't sir me!"
"Yes, sir."
"And say 'sir' when you don't," order Major Metcalf.
Clevinger was guilty, of course, or he would not had been accused, and since the only way to prove it was to find him guilty, it was their patriotic duty to do so.


Joseph Heller, Catch-22

dos dias passados III

dos dias passados II

dos dias passados I